segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

JAMIL HADDAD, O VERDADEIRO INVENTOR DOS GENÉRICOS NO BRASIL


Jamil Haddad era médico, e dos bons.

Mas foi para a política que esse carioca doou a maior parte da sua vida.

Haddad ingressou na política em 1962, quando se elegeu deputado estadual pela Guanabara, pelo PSB. Em 1966, foi reeleito pelo MDB, mas não completou o mandato, pois, em 1969, teve seus direitos políticos cassados por dez anos. Chegou a ser preso no Rio.

O reingresso na política foi em 1979, com a criação do PDT por Leonel Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul, de volta ao Brasil após o exílio.

Ao vencer em 1982 a eleição para o governo do Estado do Rio, Brisola indicou Haddad para o cargo de prefeito do Rio, que exerceu de março a dezembro de 1983- naquela época não tinha eleição direta para prefeito das capitais.

Em 1985, Haddad assumiu uma vaga no Senado, já filiado ao PSB, que presidiu de 1986 a 1993.

Em 1990, elegeu-se deputado federal.

Dois anos depois, Itamar Franco, num lance de extrema visão, o nomeou para ser seu Ministro da Saúde.

Foi o idealizador do projeto dos medicamentos genéricos - peitou sem nenhum temor os laboratórios que, lógico, eram contra. Seu sucessor no ministério, José Serra - já no governo FHC, ampliou e se fez dono do projeto. Mas quem tem memória boa vai se lembrar, sempre, de que tudo começou com Jamil Haddad.

Em 1998 elegeu-se para a Assembleia Legislativa do Rio. Em 2003, no primeiro governo Lula, dirigiu o Instituto Nacional do Câncer.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, no sábado, que Haddad é um exemplo de "coerência" e lembrou que foi ele o real introdutor no país dos medicamentos genéricos. Segundo Lula, ele "sempre colocou a defesa da liberdade, da democracia, dos direitos dos trabalhadores e dos interesses do nosso país em primeiro plano",.

Lula completou a nota, dizendo que Haddad teve "atuação destacada contra a ditadura militar". "Teve os direitos políticos cassados durante dez anos e voltou com a mesma disposição de trabalhar pelo país e pelo seu povo. Como ministro da Saúde, assinou o decreto dos genéricos, que até hoje salva muitas vidas devido à ampliação do acesso aos medicamentos."

A ministra interina da Saúde, Márcia Bassit disse que a contribuição de Haddad para o país é inestimável". "Foi um dos grandes defensores das políticas de inclusão social e um ardoroso defensor do SUS, construindo a política dos medicamentos genéricos."

O vice-presidente José Alencar também homenageou o ex-ministro, "um grande cidadão brasileiro, exemplo de comportamento, um homem de bem".

Eduardo Campos, presidente do PSB e governador de Pernambuco, definiu Haddad como um "político corajoso, que implantou os genéricos, combatendo a grande indústria farmacêutica".

Prefeito do Rio, senador, ministro da Saúde, presidente de honra do PSB, 83 anos.

Jamil Haddad, morreu na madrugada de sábado, em sua casa na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, após sofrer um infarto.

Foi enterrado no Cemitério São João Batista, na zona sul. Era casado com Aída Gomes Haddad. Não teve filhos.

Num país onde só de ser ouvida, a palavra "político" já nos causa toda sorte de temores, Jamil Haddad é um exemplo de político, de médico, de ser humano.

Um dos maiores brasileiros que esse país já teve a honra de ter.

Jamil Haddad
* 1926
+ 2009

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