quinta-feira, 3 de outubro de 2019

'CORINGA': COM JOAQUIN PHOENIX ESPETACULAR, FILME É IMPACTANTE E UM DOS MELHORES DE TODOS OS TEMPOS


SINOPSE:

Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos e, toda semana, precisa comparecer a uma agente social, devido aos seus conhecidos problemas mentais.

Após ser demitido, Fleck reage mal à gozação de três homens em pleno metrô e os mata.

Os assassinatos iniciam um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne (Brett Cullen) é seu maior representante.

CRÍTICA:

A coragem de mexer com o principal vilão do Universo do batman já era bem vinda desde o início desse projeto.

Tanto a ousadia do diretor Todd Phillips em encarar um filme solo do Príncipe Palhaço do Crime, quanto o desafio de Joaquin Phoenix em assumir um papel que ficou eternizado com Heath Ledger.

E como todos esperávamos, Coringa - que estreia nesta quinta mundialmente - é um soco no estômago, de sair tremendo do cinema, incomodando e deixando o espectador muito mexido, seja pela violência ou pelas mensagens indiretas que estão ali.

O longa conta a origem do vilão do Batman: conhecemos Arthur Fleck, um aspirante a comediante fracassado com uma condição mental que o faz rir em momentos inoportunos.

Quando a sociedade falha com o ser humano, sua base familiar é uma tragédia, é possível salvar essa pessoa?

Para Arthur não! E essa trajetória é muito bem contada no longa.

Ninguém espera uma atuação mediana de Phoenix e ele corresponde as expectativas geradas nos trailers entregando a versão mais cruel de um Coringa que já vimos em live-action.

O constrangimento enquanto as coisas vão dando errado é tamanho, você deseja que a cena acabe e o que o sentimento de "isso aqui vai dar merda" diminua, mas só aumenta até a "criação do Coringa".

A atuação dele é tão acima que os outros atores parecem apenas figurantes, nenhum outro personagem consegue ganhar luz no filme.

A maior crítica que o filme tem sofrido é compreensível: uma parcela dos críticos tem salientado como o filme pode reforçar comportamentos hostis ou dar força aos incels (supremacistas homens héteros que disseminam ódio pela internet).

Só que o longa em nenhum momento glamuriza ou tenta colocar o vilão como alguém a ser seguido, muito pelo contrário - o filme só evidencia seus problemas mentais e não esconde o lado sombrio do personagem.

Mostrar que uma parte da população de Gotham apoia o palhaço só deixa a questão mais densa: até onde o povo aguenta ser maltratado pelos poderosos? Qual é o limite da paciência das minorias cansadas das mazelas?

A versão final do Coringa que nos é entregue é o mais perto das melhores versões do personagem nos quadrinhos.

Anárquico, caótico e completamente imprevisível, a qualquer segundo uma nova ideia pode surgir na cabeça do Palhaço e nada do que foi planejado antes acontece - isso fica claro em duas sequências do filme e é maravilhoso.

Porque esse é o grande acerto do filme.

É uma aula de adaptação.

É mostrar que você pode respeitar o cerne do personagem e ainda assim descaracterizar todo o entorno, sua origem, sua relação com o Batman.

Você pode fazer uma versão do Coringa o mais distante possível dos quadrinhos e ao mesmo tempo manter o personagem fiel a quem ele é na obra original.

Infelizmente Phillips não parece convencido de que haverá continuação e já adiantou que esse Coringa não deve encontrar um Batman.

Que pena!

Todos nós gostaríamos de ver uma adaptação de A Piada Mortal com o Palhaço tentando mostrar que até a pessoa mais honrada, como o Comissário Gordon, pode quebrar se viver o pior dia da sua vida.

Filme espetacular, um dos melhores de todos os tempos disparado - como disparada se tornou a indicação - e posterior vitória - de Phoenix no Oscar.

Se Heath Ledger levou seu Oscar de Coadjuvante pelo seu Coringa, Joaquin Phoenix merece levar na categoria de ator principal.

Afinal, nessa temporada não tivemos (ao menos até agora) uma performance tão arrebatadora, de se aplaudir de pé como aconteceu na sessão em que fui.

Filmaço!

7 MOMENTOS MARCANTES DO LONGA:

O texto obviamente contém SPOILERS. Veja por sua conta em risco se ainda não assistiu ao filme:

1. Logo no começo do filme a condição neurológica de Arthur é evidenciada.
Em meio às risadas, uma expressão de tristeza e desespero por não conseguir ter o mínimo de controle sobre a situação.
O trabalho de atuação de Phoenix impressiona e transmite toda a dor e sofrimento do personagem, que não conta com a benevolência das pessoas ao redor.
Isso pesa no desenvolvimento do personagem até ele passar por todo o seu arco no roteiro e se transformar no icônico vilão.

2.Em dado momento, Arthur aguarda por Sophie (Zazie Beetz) no apartamento da própria.
Até então, havia sido estabelecido em cena que os dois construíram uma relação, saindo e vivenciando juntos momentos chave do personagem.
Porém, os espectadores de Coringa são surpreendidos e ficam confusos com o desconhecimento dela em relação ao protagonista.
Descobrimos que na verdade era tudo uma fantasia do personagem principal.
Os dois nunca tiveram de fato uma parceria e tudo visto em tela até aquela ocasião foi um trabalho da mente de Arthur.

3. Coringa passa longe de ser um filme engraçado.
Há apenas um momento de um teórico alívio cômico, o qual Arthur recebe em seu apartamento dois ex-companheiros de trabalho e acaba matando um deles, sobrando assim apenas o amigo anão, interpretado por Leigh Gill, que devido a sua estatura não conseguia abrir a porta para poder fugir. A cena gera risadas por parte do público do cinema, porém não muda o fato de que é um momento desesperador e tenso.

4. Durante um momento de discussão com a figura materna em busca de respostas sobre seu passado, Joaquin Phoenix mais uma vez demonstra sua grande qualidade de atuação.
Penny estava no banheiro evitando o confronto direto com o protagonista – que estava transtornado – e pediu calma a ele para assim poderem conversar de modo sereno.

Rapidamente, em seguida, Arthur mudou todo o seu status mensal nervoso e se demonstrou extremamente tranquilo. “Estou calmo”, ele diz - Brilhante e uma ótima cena.

5. O personagem de Robert De Niro é uma figura importante de referência para Arthur.
Murray é a ponte para que o protagonista guie parte de suas atitudes.
Nos momentos finais de Coringa, o personagem já caracterizado como tal, consegue enfim realizar a tão desejada entrevista no programa de TV.
A sua entrada através de uma dança é assustadora e causa medo devido à insanidade e imprevisibilidade de Arthur.
O clímax da conversa é concretizado quando Coringa atira em Murray, matando-o brutalmente para um grande público que assistia pela televisão.
Não só esse como todos os assassinatos da referida obra cinematográfica são secas, geram uma grande sensação de realidade. Um grande impacto.

6. Arthur ensaiou sua dança por diversos momentos durante sua história apresentada, mas era contrastado com todas as adversidades de sua vida, o que o tornava uma pessoa depressiva, sem postura e sem confiança.
Após finalmente se libertar e se encontrar de si como o Coringa, conseguiu adquirir uma maior leveza em meio a sua psicopatia e a confiança suficiente para colocar em prática seus passos.
O paralelo da cena das escadas no início do filme, com o personagem a subindo lentamente e desanimado, quando comparado com o trecho final dele já como Coringa dançando e cheio de si é marcante.

7. O filme dentro do contexto que foi apresentado funcionaria mesmo que não introduzisse diretamente elementos relacionados à família Wayne. Ainda assim, houve a decisão de colocar os famosos pais de Bruce na trama, além do próprio.
A obra faz um link entre toda a representatividade e influência da figura do Coringa e a origem do Batman, com o famoso assassinato de seus pais. A cena foi muito bem representada com os elementos clássicos do ocorrido.
O Coringa já foi estabelecido e conseguiu influenciar uma grande quantidade de pessoas por Gotham.
A catarse de seus atos é apresentada em uma das cenas finais do filme, com o caos e os palhaços por toda a cidade.
Comum a eles, uma reverência pelo seu principal representante: Arthur, o Coringa.
Para dar o toque final, a cereja do bolo nesta excelente cena, Coringa borra a sua caracterização ao lado da boca e deixa exatamente do jeito que os fãs queriam ver.
Ali, o personagem foi completamente estabelecido. O Coringa em sua forma plena chegou.

GALERIA DE IMAGENS:
7 Momentos Marcantes de ‘Coringa’







Coringa : Foto Joaquin Phoenix

Coringa : Foto Robert De Niro

Coringa : Foto Joaquin Phoenix


TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
CORINGA
Título Original:
JOKER
Gênero:
Ação, Drama
Direção:
Todd Phillips
Elenco:
Bill Camp, Brett Cullen, Bryan Callen, David Iacono, Douglas Hodge, Frances Conroy, Glenn Fleshler, Isabella Ferreira, Joaquin Phoenix, Josh Pais, Mandela Bellamy, Marc Maron, Rich Petrillo, Robert De Niro, Shea Whigham, Zazie Beetz
Roteiro:
Scott Silver, Todd Phillips
Produção:
Bradley Cooper, Emma Tillinger Koskoff, Todd Phillips
Fotografia:
Lawrence Sher
Trilha Sonora:
Hildur Guðnadóttir
Montador:
Jeff Groth
Estúdio:
DC Comics, DC Entertainment, Joint Effort, Warner Bros.
Distribuidora:
Warner Bros.
Ano de Produção:
2019
Duração: 
122 min.
Estréia:
03/10/2019
Classificação Indicativa:
16 anos

COTAÇÃO DO KLAU:

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