SINOPSE:
Pouco após a morte de dona Carmelita, aos 94 anos, os moradores de um pequeno povoado localizado no sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa.
Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade pela primeira vez.
Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, Teresa (Bárbara Colen), Domingas (Sônia Braga), Acácio (Thomas Aquino), Plínio (Wilson Rabelo), Lunga (Silvero Pereira) e outros habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados.
Falta identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.
CRÍTICA:
Kleber Mendonça Filho, dessa vez ao lado de Juliano Dornelles, resolveu deixar de lado a calma reflexiva de seus filmes anteriores (O Som Ao Redor, Aquarius) para criar uma perturbadora trama sobre violência, opressão e esquecimento.
Situado no sertão brasileiro, Bacurau - que finalmente estreia hoje, após ser aclamado em festivais de cinema mundo afora - é um grito de desafio contra a atual situação do Brasil.
O vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2019 completa a sua crítica ao atual presidente nos créditos finais, quando uma mensagem aponta que 'a produção criou 800 empregos' - uma das críticas recorrentes do atual presidanta aos gastos com a cultura.
Na trama, Bacurau é um pequeno povoado do sertão brasileiro, que dá adeus a Dona Carmelita, mulher forte e querida, falecida aos 94 anos.
Dias depois, os moradores da cidade percebem que a comunidade não consta mais nos mapas e as coisas começam a ficar cada vez mais estranhas e violentas.
Mistura de drama, faroeste e ficção científica, o longa mostra um vilarejo do interior pernambucano, esquecido pelos seus governantes, mas ameaçado por forças externas, ambientado num Brasil ainda mais desigual e desumano em um futuro próximo e opressor.
É um futuro sombrio, mas também traz uma história muito atual e até por isso é capaz de levantar questões importantes para o país nesse momento de insegurança.
O filme é uma crítica pesada e chega bem em meio a ameaças do governo federal de censurar projetos apoiados pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), órgão que o presidanta já ameaçou extinguir - afinal, cultura é uma afronta para os opressores.
Porém a crítica vem de antes, é também sobre o fato do Brasil não enxergar seus oprimidos, não querer enxergar suas dificuldades e não querer abrir mão da situação de colônia diante do imperialismo.
Temos aqui um longa de ação capaz de nos remeter a filmes de faroeste do Clint Eastwood, que resulta num filme provocador, estranho, incômodo e que segura o espectador na poltrona do cinema do começo ao fim.
O elenco é incrível, tanto os brasileiros - Sonia Braga, Silvero Pereira - quanto estrangeiros - a lenda alemã Udo Kier tem um papel sensacional - e também os moradores locais do povoado de Barras, onde o filme foi rodado.
A veracidade e o realismo são extremante importantes para essa obra funcionar.
O longa é estranho, mas num bom sentido.
É violento, porém com sentido.
É opressivo, de forma intencional.
E é uma crítica importante nesse momento.
Longa de qualidade técnica incrível e uma história cativante, Bacurau poderia ser um pouco mais curto, o que deixaria a narrativa mais fluída - mas ainda assim é um dos melhores filmes dos últimos anos.
Filmaço.
GALERIA DE IMAGENS:
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
BACURAU
Título Original:
BACURAU
Gênero:
Suspense
Direção:
Juliano Dornelles, Kleber Mendonça Filho
Elenco:
Alli Willow, Antonio Saboia, Barbara Colen, Brian Townes, Buda Lira, Chris Doubek, Clebia Sousa, Edilson Silva, Jonny Mars, Julia Marie Peterson, Karine Teles, Rodger Rogério, Rubens Santos, Silvero Pereira, Sonia Braga, Thomas Aquino, Udo Kier, Uirá dos Reis, Valmir do Côco, Wilson Rabelo
Roteiro:
Juliano Dornelles, Kleber Mendonça Filho
Produção:
Emilie Lesclaux, Michel Merkt, Olivier Père, Saïd Ben Saïd
Trilha Sonora:
Mateus Alves, Tomaz Alves Souza
Montador:
Eduardo Serrano
Estúdio:
Arte France Cinéma, Cinemascópio Produções, SBS Films, Símio Filmes
Distribuidora:
Vitrine Filmes
Ano de Produção:
2019
Duração:
131 min.
Estréia:
29/08/2019
Classificação Indicativa:
16 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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