SINOPSE:
Após Thanos (Josh Brolin) eliminar metade das criaturas vivas, os Vingadores precisam lidar com a dor da perda de amigos e seus entes queridos.
Com Tony Stark (Robert Downey Jr.) vagando perdido no espaço sem água nem comida, Steve Rogers (Chris Evans) e Natasha Romanova (Scarlett Johansson) precisam liderar a resistência contra o titã louco.
CRÍTICA:
Vingadores: Ultimato é a cereja do bolo dos 10 anos de sucesso do Marvel Studios, trazendo uma ótima maneira de vermos como as fantasias de super-heróis representam o nosso medo de lidar com a morte.
Os personagens possuem poderes excepcionais, que a princípio garantiriam uma chance de sobrevivência superior àquela dos seres humanos comuns - mas são ameaçados o tempo inteiro, enfrentando adversários igualmente poderosos.
Assim como no universo dos quadrinhos, também na telona os heróis morrem a todo instante – e também ressuscitam com frequência, graças a magias e novos desenvolvimentos tecnológicos, lidando ao mesmo tempo com a vida eterna – Thor (Chris Hemsworth) tem mais de 1000 anos, por exemplo – e a necessidade de estar pronto para a morte a qualquer instante.
O superpoder dos personagens é o que os torna atraentes, ídolos, mas também alvos privilegiados.
Ultimato começa e termina sob o signo da morte, por retomar a trama vinte e dois dias após o ataque de Thanos (Josh Brolin), que exterminou a metade da população mundial.
Encontramos os protagonistas de luto, sem perspectivas de futuro.
Eles ainda combatem, porém não conseguem aceitar a perda de seus colegas.
Rumo ao final desta longa aventura, outras vidas serão sacrificadas em nome de um bem maior, como se esperaria de um enfrentamento com o temido antagonista.
Por estarmos dentro de uma trama com personagens que manipulam o tempo, navegam em reinos quânticos e detêm joias do infinito previstas para alterar realidades, espera-se que pessoas possam alterar o passado.
De certa maneira, dribla-se a mortalidade - como diria um personagem, “nada é definitivo”.
Ao concluir uma franquia com dezenas de filmes, a Marvel sabia que tinha uma imensa responsabilidade - por se tratar de um projeto caríssimo, que certamente superou os US$ 250 milhões investidos nos títulos anteriores e pela necessidade de fornecer o desfecho de alguns personagens, que existem em planetas e épocas distintas, acenando para o futuro de cada um, atando os amores desfeitos e unindo familiares distantes.
Se os fãs são os mais fáceis de agradar, por ficarem em êxtase diante da presença de seus heróis favoritos, por outro lado, são bastante exigentes no que diz respeito à fidelidade aos quadrinhos, à importância de cada personagem, aos poderes específicos.
Existe uma mitologia a ser desenvolvida e respeitada, e desenvolvê-la constitui uma iniciativa ao mesmo tempo arriscada e prazerosa.
Assim, uma produção deste porte precisa se comunicar tanto com os geeks fervorosos quanto com aqueles que jamais assistiram a um filme da Marvel, precisa cativar os adolescentes e os adultos, além de funcionar como ação, humor, drama, fantasia.
Com todas essas enormes exigências, a possibilidade de riscos fica limitada.
Os diretores Joe Russo e Anthony Russo, além do produtor Kevin Feige, têm ampla noção das exigências, fornecendo um produto muito bem sucedido em suas distintas necessidades.
Não há estripulias narrativas ou grandes transformações na estética consagrada até então.
Mesmo assim, o filme está saturado de humor apropriado para menores de idade, na vertente mais juvenil de Guardiões da Galáxia (inclusive exagerando no que diz respeito ao Thor), além de trazer batalhas bem coreografadas e frenéticas - como nos Vingadores anteriores ou em Capitão América: Guerra Civil - momentos de tragédia e melodrama como convém a um filme de despedidas, além de dezenas de referências às produções anteriores.
Mais do que trazer easter eggs e pontuar a narrativa com fan service, o filme é um fan service, concebido de modo a garantir que os produtores não se esqueceram de nenhum personagem, não abandonaram nenhum filme, nem deixaram pontas soltas na Fase 3 do MCU.
Cada herói tem direito ao seu momento para brilhar e toda cena permite um equilíbrio de tom: piadas aparecem no meio de um funeral, revelações tristes ocorrem em plena batalha, um momento de ação irrompe durante uma tirada cômica.
Embora Ultimato não surpreenda pela proposta de cinema, trazendo música nos lugares esperados e reservando o grande confronto para o clímax, ele surpreende pelo refinamento do produto que oferece.
O resultado é extremamente competente dentro das regras que a Marvel criou para si mesma, trazendo imagens polidas, atuações marcantes (de Robert Downey Jr., em especial), efeitos visuais e sonoros impecáveis, além de uma montagem de tirar o fôlego.
Se o longa honra o patriotismo americano, também se abre à noção de fraternidade internacional; coloca os heróis masculinos no centro da trama, mas inclui um pequeno aceno à liderança feminina; fomenta histórias de amor entre heróis e suas amadas, mas cita com naturalidade um romance gay; privilegia os personagens brancos, porém não esquece de destacar a importância de Don Cheadle, Anthony Mackie e o elenco de Pantera Negra.
Por fim, o resultado deve ser menos lembrado por suas reviravoltas e suas lutas – que, vistas separadamente, não diferem tanto de cenas equivalentes dos filmes anteriores – do que pelo culto criado em torno das marcas Vingadores e Marvel.
A Disney conseguiu criar um fenômeno cultural, uma produção “inevitável”, como Thanos gosta de descrever a si mesmo. C
om certa regularidade, a empresa apresenta filmes que precisam ser vistas dentro do cinema, preferencialmente em salas IMAX – algo importante para o faturamento recorde -, porque depois todos os colegas já terão visto, os spoilers estragarão o prazer e qualquer pessoa que ainda não tiver descoberto os rumos dos super-heróis se sentirá ultrapassada.
Os estúdios criaram uma moda, um produto de consumo, além de um prazer cinematográfico.
Vingadores: Ultimato não é apenas a conclusão de dezenas de filmes, mas também o veículo de sustentação de uma marca poderosa, despertando um senso de necessidade no espectador que raramente ocorre com outros filmes.
Esse traz aquilo que se espera dele – o confronto dos heróis com Thanos, a inclusão de Capitã Marvel (Brie Larson) no confronto, a recuperação das joias do infinito, o retorno de alguns personagens.
Os Vingadores converteram seu público em “seguidores”.
Justamente por isso, ninguém aqui quer ouvir falar de spoilers: e este blog vai fechar a boca até a próxima semana, ok?
Por sinal, depois do reiterado pedido dos diretores, foi a vez do elenco pedir que spoilers não sejam revelados;
Veja:
Dentro da sessão de imprensa, que costuma ser menos emotiva do que as exibições ao público, os jovens jornalistas choravam, riam, comemoravam, gritavam “É isso aí!”, “Agora sim!”.
No final, um acontecimento inédito: dezenas de críticos corriam para comprar baldes do Thanos e cartazes em miniatura do filme, sacando seus cartões de crédito no instante em que saíam sala e se depararam com os brindes.
Estes jornalistas também se transformam em consumidores, colecionadores da marca preciosa da cultura contemporânea.
Eles são os verdadeiros enfeitiçados - o encantamento opera do outro lado da tela.
Este é o aspecto mais curioso do filme: sua inserção social, seu impacto extra-filme.
Ultimato fascina sobretudo enquanto objeto de adoração e encerra, com toda honra e toda glória os primeiros 10 anos de sucesso do Marvel Studios.
Com a adição dos personagens que pertenciam à Fox - como os altamente populares e rentáveis X-Men - o Universo Cinematográfico da Marvel não terá mais limites - nem o céu, nem o universo, já conquistados com Ultimato.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
VINGADORES - ULTIMATO
Título Original:
AVENGERS: ENDGAME
Gênero:
Ação
Direção:
Anthony Russo, Joe Russo
Elenco:
Brie Larson, Chadwick Boseman, Chris Evans, Chris Hemsworth, Dave Bautista, Don Cheadle, Evangeline Lilly, Floyd Anthony Johns Jr., Gwyneth Paltrow, Hiroyuki Sanada, Jeremy Renner, Jon Favreau, Josh Brolin, Karen Gillan, Mark Ruffalo, Paul Rudd, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Sebastian Stan, Terry Notary, Ty Simpkins
Roteiro:
Christopher Markus, Jack Kirby, Jim Starlin, Stephen McFeely
Produção:
Kevin Feige, Mitchell Bell
Fotografia:
Trent Opaloch
Trilha Sonora:
Alan Silvestri
Estúdio:
Marvel Studios
Distribuidora:
Disney
Ano de Produção:
2019
Duração:
181 min.
Estréia (Brasil):
25/04/2019
Classificação Indicativa:
12 anos
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