quarta-feira, 18 de novembro de 2009

"BEN-HUR", 50 ANOS!



"Ben-Hur" completa hoje meio século da sua estréia nos Estados Unidos,e sua história está registrada no inconsciente coletivo dos povos ocidentais:
Judah Ben-Hur (Charlton Heston ) vivia no início do século primeiro como um príncipe, mercador e aristocrata judeu. Quando o seu amigo íntimo Messala (Stephen Boyd) é escolhido pelo governador para ser o oficial comandante de uma das legiões romanas, ele fica feliz. Mas com o passar do tempo, as posições de vida dos dois amigos divergem e ele é traído por Messala. Ben-Hur então come o pão que o diabo amassou, sofrendo o máximo que um ser humano pode aguentar, vira um escravo. Após ganhar uma eletrizante corrida de bigas, ele começa a se vingar dos que destruíram a sua vida e a vida de sua família. Com algumas pitadas de cristianismo- incluindo discretas aparições de Jesus - temos então a síntese desta obra-prima vencedora de 11 Oscar.


Judah Ben-Hur vira escravo nas galés

O filme é o máximo expoente de um cinema artesanal que hoje em dia já não se faz mais,e entrou para a história do cinema do século 20. Foi a obra que ganhou pela primeira vez 11 Oscars. Só em 1997 esse recorde seria batido -por "Titanic"- e depois, em 2003, pelo "O Retorno do Rei", parte da saga "O Senhor dos Anéis".

Poucos sabem, mas essa versão de 1959 é um remake - existem dois outros "Ben-Hur", ambos mudos: um curta de 15 minutos de duração filmado em 1907, e outra versão de 1925, dirigida por Fred Niblo - e que também ganhou a estatueta dourada da Academia de Artes e Ciências de Hollywood de melhor filme.

Os três trabalhos são baseados no livro homônimo de Lewis Wallace, publicado em 1880. Os 212 minutos dessa versão de 1959 foram gravados em sua maioria, durante nove meses, nos estúdios Cinecittà, em Roma, e uma das cenas mais famosas da história do cinema - a corrida de bigas que provoca a derrota de Messala, amigo de infância de Judah Ben-Hur - foi filmada durante longos três meses.Na telona em cinemascope, durou minutos, mas minutos eletrizantes, que já valem o filme inteiro!

A corrida de bigas!


Numa época em que efeitos digitais engatinhavam, o filme contou com uma equipe de 8 mil figurantes, mais de 300 peças de cenário e 100 mil de figurino. Tudo foi criado à base da imaginação dos cenógrafos, maquiadores e figurinistas, e ainda hoje é usado como base para a recriação de ambientes,roupas e costumes do século primeiro.

E foi esse time afinado e inspiradíssimo que salvou da quebra os estúdios da Metro-Goldwyn-Mayer, que arriscaram tudo ao investir na produção um valor recorde na época - US$ 15 milhões -, e que terminou por faturar cinco vezes esse total, só no mercado americano. Sorte que não teve a concorrente Fox, que quis fazer anos depois um filme igualmente grandioso - "Cleópatra", com Elizabeth Taylor - e acabou falindo devido à fraca bilheteria, que era o que dava grana aos estúdios numa época em que não havia direitos de imagem sobre vídeo e dvd como hoje - salvação para muitos abacaxis filmados agora.

As excelentes trilha sonora - do húngaro Miklos Rozsa - e fotografia - de Robert Surtees - fizeram o resto, dando clima à história situada no Império Romano de Tibério, e que narra a passagem do amor ao ódio entre Judah Ben-Hur e Messala.

Poucos acreditavam que William Wyler seria o nome mais indicado para levantar e controlar um projeto tão faraônico. Sua carreira confirmava seu talento em obras íntimas e diferentes, nas quais dirigiu com mão autoral talentos como Bette Davis, Olivia de Havilland, Montgomery Clift e Laurence Olivier. Era um diretor de atores, e não de espetáculos.

"Me pediram para que me encarregasse do filme. Não era o estilo cinematográfico que vinha fazendo, mas senti curiosidade para ver se era capaz de fazer algo ao estilo de Cecil B. DeMille", disse o cineasta, em alusão a filmes como "Os Dez Mandamentos" (1956).

"Além disso, pensei que este filme faria muito dinheiro e que eu poderia ficar com algo", acrescentou Wyler, que cobrou US$ 1 milhão para dirigir o filme.

As filmagens já tinham se iniciado e os produtores chegaram à conclusão de que o roteiro era muito ruim. Contrataram um então desconhecido e ambicioso jovem, chamado….Gore Vidal.

Homossexual assumidíssimo,Vidal reescreveu o roteiro da produção como o conhecemos hoje. Fez um belíssimo trabalho, confirmando o talento que iria perpetuar-se no futuro.

Hoje sabemos - e o próprio Gore o confirmou em suas memórias - que as cenas “calientes” entre Judah e Messala são, na realidade, puro ativismo gay.

Em uma das cenas mais antológicas, logo no início do filme, os dois amigos competem para ver quem atira lanças de forma mais precisa. “Teu braço é tão forte” - diz Messala para Judah Ben-Hur, quando este sagra-se melhor atirador de lança.Em outra, os dois amigos brindam, com as taças de vinho entrelaçadas pelos seus braços, gesto repetido até hoje por casais de todos os sexos. O ódio que nutre Messala por Ben-Hur ao longo do filme era puro ressentimento de um amante rejeitado, no roteiro. Gore Vidal ainda conta em suas memórias que toda a produção do filme, o diretor Wyler,e o ator Stephen Boyd/Messala sabiam desse enfoque, menos Charlton Heston, ator dos mais caretas - e presidente da tal "Associação Nacional de Rifles" até sua morte - e que nem percebeu nada nas filmagens, só depois que o filme foi lançado. Era um dos assuntos que mais enfureceram Heston ao longo de sua vida.Se a cena entre os personagens Frodo e Sam,na versão cinematográfica de "Senhor dos Anéis" já deu o que falar em 2003, imagine isso em 1959!

Os amigos Messala e Ben-Hur brindam...


Mesmo assim, parece impossível imaginar outro ator que não Charlton Heston como Ben-Hur. Mas a MGM ofereceu antes o papel a Paul Newman, Burt Lancaster e Rock Hudson.Newman disse não,porque não conseguia se imaginar em uma túnica. Lancaster também recusou, porque era ateu e não queria ajudar a promover a Cristandade. Hudson quase aceitou, até que seu agente chamou sua atenção ao subtexto homossexual na relação entre Ben-Hur e Messala. Homossexual não assumido, Rock Hudson acreditou que o filme poderia por sua carreira em risco, e também disse não.

"Beh-Hur" é um filmaço, emocionante, especialmente pelas belas cenas de redenção no Vale dos Leprosos, pelas cenas de multidão, da corrida de bigas - que Geoge Lucas homenageou em "Star Wars - Episódio I" , e pelos pitacos com a história cristã como um todo.

Se tornou uma obra para a eternidade, que décadas após sua estréia segue atual. Além de arrebatar sempre novos fãs, nos cinemas ou no dvd, a história agora pode ser conferida também no teatro, onde uma espetacular produção dá a volta ao mundo desde setembro, após ser sucesso na Broadway.



Ben-Hur (Ben-Hur, 1959)
» Direção: William Wyler
» Roteiro: Lew Wallace, Karl Tunberg,Gore Vidal
» Gênero: Aventura/Drama
» Origem: Estados Unidos
» Duração: 212 minutos
» Tipo: Longa-metragem



PRÊMIOS DA ACADEMIA:

>> MELHOR SOM

>> MELHORES EFEITOS ESPECIAIS

>> MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

>> MELHOR FIGURINO

>> MELHOR EDIÇÃO

>> MELHOR FOTOGRAFIA

>> MELHOR TRILHA SONORA

>> MELHOR ATOR COADJUVANTE - Hugh Griffith

>> MELHOR ATOR - Charlton Heston

>> MELHOR DIRETOR - William Wyler

>> MELHOR FILME



TRAILER DO FILME:



CENA DA CORRIDA DE BIGAS:

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