SINOPSE:
A notícia de que uma nova pílula capaz de liberar superpoderes para cada um que a experimentar começa a se espalhar nas ruas de Nova Orleans.
Poderes como pele à prova de balas, super força e invisibilidade apareceram em usuários, porém, é impossível saber o vai realmente acontecer até tomá-la.
Mas tudo muda quando a pílula acaba aumentando o crime na cidade, fazendo com que o policial local (Joseph Gordon-Levitt) se una a um traficante adolescente (Dominique Fishback) e um ex-soldado com sede de vingança (Jamie Foxx) para combater o poder com poder, chegando na origem da pílula.
CRÍTICA:
Mesmo mais errando do que acertando, a Netflix ao menos conta com a melhor das intenções na hora de aprovar seus projetos.
Grandes nomes do cinema são só elogios, afirmam ter ganhado na parceria total liberdade criativa para fazer seus filmes como queriam, o que não estavam mais encontrando nos estúdios em lançamentos nos cinemas.
Já fizeram projetos para a Netflix pesos pesados como Martin Scorsese, os irmãos Coen e Spike Lee, por exemplo.
E com Power (Project Power), seu mais recente lançamento – que estreou no streaming em dia 14 de agosto – a produtora cria seu próprio universo de super-heróis, pronto para ser consumido pelos aficionados.
Mas não apenas isso, na mistura ainda são adicionados elementos do cinema policial – como corrupção, traficantes, oficiais honestos e corruptos, e drama racial, resultando num sabor que mais agrada do que repele.
A boa surpresa é que Power se mostra um filme de ação eficiente, repleto de efeitos especiais bem trabalhados e uma estética psicodélica insana que funciona muito a favor de sua narrativa.
Ou seja, um prato cheio para quem curte o gênero – mesmo que seu roteiro por vezes se mostre demasiadamente simplista.
O elenco tem atuações inspiradíssimas: Jamie Foxx (vencedor do Oscar por Ray), Joseph Gordon-Levitt e Rodrigo Santoro estão espetaculares, mostrando que levam a brincadeira muito a sério.
Escrito pelo jovem romeno Mattson Tomlin (que em breve será um grande nome em Hollywood devido ao texto do vindouro The Batman), a trama apresenta uma realidade onde pílulas de “superpoderes” são produzidas e comercializadas clandestinamente.
A coisa funciona assim: através do material genético dos mais variados animais exóticos, seus dons (como velocidade, camuflagem, força, e outros milagres da natureza) são inseridos nesta droga, ativando estas capacidades em cada usuário distinto. Ou seja, enquanto uns podem se disfarçar no ambiente como uma camaleão (se tornando invisíveis), outros absorvem fortes impactos como os rinocerontes, por exemplo.
Cabe a cada um descobrir seu poder, ou até mesmo morrer ao ingerir a substância – é um jogo perigoso.
É claro que uma substância tão repleta de possibilidades, e incrivelmente perigosa, chama atenção de todo tipo de grupo de pessoas e o item logo se vê nas ruas, vendido como drogas por traficantes.
Assim encontramos nossa protagonista, a menina Robin (Dominique Fishback, sensacional), que sonha em ser rapper, tem dificuldades com as figuras de autoridade no colégio e ganha a vida vendendo tais produtos ilícitos em becos.
Sorte dela que tem a proteção do policial Frank (Joseph Gordon-Levitt), que a trata como uma irmã mais nova, cobrindo seus rastros e infrações.
Pela premissa podemos notar que Tomlin usou como molde o livro de Alan Glynn, que virou o filme Sem Limites (2011), sobre uma pílula da “inteligência”, e acrescentou muito mais variáveis quanto ao que o medicamento poderia trazer a seu consumidor.
Jamie Foxx é Art, um sujeito bad ass desesperado em descobrir o paradeiro e encontrar sua filha.
Rodrigo Santoro vive um dos baddies, como o traficante que comercializa o MacGuffin que todos perseguem.
O roteiro de Power é criativo, mas logo se estagna seguindo por um caminho previsível, no qual vemos exatamente aonde vai chegar com bastante antecedência.
Mas Power conta mais por sua jornada, onde boas cenas consecutivas sem amontoam, seja através da interação dos personagens, seus relacionamentos críveis, bons diálogos, montagem eletrizante, trilha frenética e uma fotografia de deixar vidrado na tela – dona de cores vibrantes de neon.
O design de produção é outro destaque.
Os elementos citados são crédito dos cineastas Henry Just e Ariel Schulman, dupla responsável por Nerve: Um Jogo Sem Regras (2016), que aqui consegue sobressair ao que vem sendo feito na plataforma no quesito do escapismo e de entretenimento.
Foxx e Levitt já apostaram no subgênero antes, variando em resultados (O Espetacular Homem-Aranha 2 e O Cavaleiro das Trevas Ressurge, respectivamente), mas aqui realmente mergulham em seus desempenhos, com a intensidade de um drama policial que busca prêmios.
E quanto a nosso conterrâneo Rodrigo Santoro: o brasileiro número 1 em Hollywood na atualidade entrega sua atuação com o inglês mais impecável da carreira, quase despido do sotaque latino, além, é claro, de aparentar diversão a cada frame com o retrato de um vilão “Bondiano”.
Power tem como grande atrativo a capacidade de instigar, a cada virada tirando tensão de suas cenas, mesmo que deslize no terceiro ato – almejando a inevitável continuação, um artifício esperado para este tipo de produção.
No meio de uma constante enxurrada de superproduções que parecem cada vez mais massificadas, diferindo muito pouco umas das outras, é sem dúvidas louvável uma proposta que tente trilhar um caminho próprio.
Que venha a continuação!
GALERIA DE IMAGENS:
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
POWER
Título Original:
Power Project
Gêneros:
Ficção Científica, Suspense, Ação
Direção:
Henry Joost, Ariel Schulman
Elenco:
Jamie Foxx, Joseph Gordon-Levitt, Dominique Fishback, Rodrigo Santoro
Nacionalidade:
EUA
Exibição:
Netflix
Estreia:
14 de agosto de 2020
Duração:
1h51min
COTAÇÃO DO KLAU:
Nenhum comentário:
Postar um comentário