sábado, 25 de maio de 2019

FESTIVAL DE CANNES: BRASILEIROS FIZERAM BUNITO

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Longas brasileiros levaram os importantes prêmios da Mostra Um Certo Olhar e o prêmio do Júri
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O cinema brasileiro fez bonito, levando dois dos mais importantes prêmios na 72º Festival de Cannes.

Confira:

KARIM AÏNOUZ LEVA O 'UM CERTO OLHAR' COM 'A VIDA INVISÍVEL DE EURÍDICE GUSMÃO'

A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, coprodução de Brasil e Alemanha, foi o grande vencedor da mostra Um Certo Olhar e se tornou o primeiro brasileiro a levar uma das mais importantes premiações do evento.

Dirigido por Karim Aïnouz (Madame Satã) e estrelado por Fernanda Montenegro e Carol Duarte, o longa narra a trajetória de duas irmãs cariocas nos anos de 1950, cujos sonhos são soterrados pelo peso de uma sociedade machista.

Júlia Stockler, Gregório Duvivier, Marcio Vito e Nikolas Antunes também estão no elenco do filme, baseado no romance homônimo de Martha Batalha.

"É um grande prazer representar o Brasil", afirmou o diretor ao receber o prêmio, segundo o The Hollywood Reporter.

"Nós estamos passando por algo no Brasil agora que é muito muito difícil e tem algo a ver com intolerância."

Karim Aïnouz recebe seu prêmio em Cannes - Metro Jornal

"É um importante prêmio do cinema mundial e muito importante para o cinema brasileiro em um ano em que tivemos uma representação maravilhosa, com o filme do Kleber Mendonça e do Juliano Dornelles, o da Alice Furtado e o filme produzido pelos irmãos Gullane. Antes de qualquer coisa, é importante que este prêmio possa incentivar o futuro do cinema brasileiro, a diversidade da nossa cultura para que tenhamos um Brasil melhor do que estamos vivendo agora. Queria dedicar especialmente para a minha amada Fernanda Montenegro, para todas as atrizes do filme e para todas as mulheres do mundo", comemorou o diretor.

"Esse prêmio é muito importante para o Brasil, principalmente no momento atual, quando a cultura precisa ser abraçada. Um filme brasileiro vem para Cannes e ganha esse prêmio prova que o investimento que se fez em educação e cultura no Brasil foi muito importante. E que a gente continue fazendo isso para que a cultura brasileira permaneça muito bem representada lá fora", comentou Rodrigo Teixeira, produtor do longa.

A mostra Um Certo Olhar celebra obras com linguagem experimental.

Neste ano, seu júri foi presidido pela atriz e diretora libanesa Nadine Labaki.

Confira o trailer de 'A Vida Invisível De Eurídice Gusmão':


'BACURAU' LEVA O GRANDE PRÊMIO DO JÚRI

'Bacurau', dirigido pelos brasileiros Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, venceu o Prêmio do Júri junto com 'Les Miserables', de Ladj Ly, no 72º Festival de Cannes.

Na descrição de seus diretores, “Bacurau é um filme de aventura ambientado no Brasil ‘daqui a alguns anos’”.

Depois do sucesso internacional de 'Aquarius' (2016), que também teve sua estreia mundial na principal mostra do Festival de Cannes três anos atrás, 'Bacurau' é a segunda coprodução entre a CinemaScopio do Recife ('O Som ao Redor') e a SBS em Paris ('Mapas Para as Estrelas', de David Cronenberg).

‘Bacurau’ ganha prêmio do Júri em Cannes - THR

A história se passa em Bacurau, um pequeno povoado do sertão brasileiro, e dá adeus a Dona Carmelita, mulher forte e querida, falecida aos 94 anos.

Dias depois, os moradores de Bacurau percebem que a comunidade não consta mais nos mapas.

No elenco internacional, veremos Sonia Braga, Barbara Colen, Udo Kier, Thomas Aquino, Silvero Pereira e Johnny Mars, entre outros.

Distribuído pela Vitrine Filmes (que também distribuiu 'O Som ao Redor' e 'Aquarius') 'Bacurau' deve estrear em 14 de Novembro no Brasil.

Confira o trailer de 'Bacurau':


VITÓRIA DE 'BACURAU' É BOFETADA NO BOLSONARISMO

Por Tiago Barbosa

A vitória do filme pernambucano Bacurau, em Cannes, é a bofetada da cultura no governo Bolsonaro e um antídoto à peste obscurantista instalada no Brasil.

O governo refratário a artistas e professores, capaz de mutilar a educação com cortes ideológicos e extinguir o ministério da Cultura, precisa engolir a reverência do mundo aos talentos nacionais.

À consagração literária de Chico Buarque no mais importante prêmio da Língua Portuguesa, o Camões, o presidente ficou indiferente.

À façanha dos pernambucanos Kleber Mendonça Filho e Juliano Dorneles, deve torcer o nariz.

Não é só esnobismo.
É inveja, ressentimento e burrice em estado bruto.

O prestígio desfrutado pelos artistas brasileiros contrasta com o total desprezo internacional conferido ao pária Bolsonaro, ser medíocre intelectualmente, limítrofe e alçado ao cargo pela combinação abjeta de ódio, fake news e torpor coletivo.

A glória conquistada no principal festival de cinema no mundo só realça a distância entre o Brasil bem-sucedido e o presidente fracassado e o consolida como a treva diante da luz, a antítese da criatividade, dos ventos civilizatórios.

A arte desconstrói, assim, a perseguição deflagrada pelo conceito oco de marxismo cultural e outros penduricalhos caça-otários para mostrar a todos como é necessário respirar resistência em meio à asfixia de uma atmosfera imbecilizante.

Outra narrativa é sempre possível.

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