SINOPSE:
Diego (Willem Dafoe) é um cineasta diagnosticado com câncer terminal, cuja única chance de sobrevivência é se submeter a um transplante de medula óssea experimental, realizado apenas nos Estados Unidos.
Assim, ele parte para Washington, mas antes decide se casar e se despedir dos amigos.
Já no hospital, ele conhece um menino hindu (Rio Adlakha) de apenas oito anos, que também está internado.
Logo, o homem passa a vivenciar com ele aventuras fantasiosas, inspiradas no cinema, que ajudam a suportar a dura realidade.
CRÍTICA:
Graças a sucessos como 'Pixote - A Lei do Mais Fraco', 'Carandiru' e 'Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia', ter nascido na Argentina foi apenas um detalhe na trajetória de Hector Babenco, um dos grandes diretores do cinema brasileiro.
Babenco conseguiu fama mundial ao ser indicado ao Oscar por 'O Beijo da Mulher-Aranha', longa que deu a estatueta de Melhor Ator a William Hunt.
Se ultimamente o grande diretor estava fora de forma, 'Meu Amigo Hindu', em exibição em 40 salas em todo o Brasil, ao menos resgata, aqui e ali, o Babenco brilhante, de filmes inesquecíveis - e não por acaso, também o que mais tem a ver com sua personalidade.
Logo no início, ele avisa:
“o que você vai assistir é uma história que aconteceu comigo e conto da melhor maneira que sei”.
Willem Dafoe e Maria Fernanda Cândido, em cena do longa - Fotos dessa Postagem - Divulgação/Europa Filmes |
Aqui, o astro internacional Willem Dafoe é o alter ego do diretor em cena, criando um personagem egocêntrico e sem papas na língua, com uma certa liberalidade controlada: se a mulher (Maria Fernanda Cândido) lhe diz que já o traiu, ele rebate na hora que não há problema algum nisto, por tê-la traído também.
Essa característica torna Diego uma pessoa bastante difícil, o que se manifesta no modo como trata todos à sua volta, da mulher aos amigos próximos e parentes, nas cutucadas oportunas aos desafetos, por mais que seus nomes jamais sejam explicitados - talvez Fernando Meirelles seja o tal cineasta citado.
Na trama, os coadjuvantes, como Reynaldo Gianecchini e a própria Maria Fernanda Cândido, aos mais gratuitos, como Ary Fontoura e Dan Stulbach, são relegados a segundo plano, não apenas pelo personagem principal mas pelo próprio roteiro.
É como se eles devessem aparecer apenas em momentos que sejam imprescindíveis à história principal mas, ainda assim, sem que tenham a menor chance de ofuscar o brilho do protagonista.
Cena do Longa |
O melhor exemplo é o modo como o personagem de Guilherme Weber, de importância crucial no tratamento feito contra o câncer, é mal desenvolvido.
Assim, Willem Dafoe é quase onipresente na tela, passando por um nítido processo de emagrecimento para as cenas da quimioterapia e pós-transplante de medula óssea.
Só que, graças à sua presença, todo o elenco – formado em sua maioria por brasileiros – foi obrigado a atuar em inglês, em uma trama situada no país, onde mesmo nomes brasileiríssimos como Sebastiana são pronunciados com o típico sotaque estrangeiro.
Mas o que importa de fato é que o alter ego seja um astro hollywoodiano – o que, mais uma vez, indica o quão importante este protagonista é em relação a todos os demais.
Cena do Longa |
Apesar de tamanha grandiosidade, o maior problema do longa é o roteiro, também escrito por Babenco.
O amigo hindu do título aparece só pela metade da trama, servindo como conexão ao lado lúdico do cinema, e nem tem tanta importância assim.
Entretanto, é o lado didático e extremamente linear com o qual a história é narrada, com direito a diálogos duros e às vezes bastante artificiais, que quase põe tudo a perder.
Do avanço da doença ao tratamento, passando pela cura e a reabilitação à vida normal, acompanhamos tudo o que aconteceu com o diretor, numa espécie de recriação de sua própria vida e diante disto, não chega a surpreender o fato de Bárbara Paz surgir em cena para interpretar a si mesma, com direito a recriar ao lado de Supla o conhecido momento em que descobre ter sido vitoriosa no finado reality show 'Casa dos Artistas' – devidamente traduzido para “Burning House”.
Cena do Longa |
Mergulhado em dirigir e roteirizar a história da sua vida, faltou a Babenco a capacidade de se distanciar do material retratado de forma a limar os vários excessos existentes, como a citação a 'Carandiru' e os diversos finais falsos oferecidos ao público.
O resultado é um filme de 124 minutos que, antes mesmo da metade, já é bastante arrastado e cansativo.
Mesmo a lúdica (e ousada) cena final, com referência ao clássico 'Cantando na Chuva', é insuficiente para arrebatar o espectador.
Vale mesmo pela performance soberba de Williem Dafoe, pela direção de Babenco, sempre diferenciada e pulsante e pela bela fotografia - que mostra a cidade de São Paulo em época de natal, muito bonita de se ver.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
'MEU AMIGO HINDU'
Gênero:
Drama
Direção e Roteiro:
Hector Babenco
Elenco:
Ary Fontoura, Bárbara Paz, Dalton Vigh, Dan Stulbach, Gilda Nomacce, Guilherme Weber, Maitê Proença, Maria Fernanda Cândido, Reynaldo Gianecchini, Selton Mello, Supla, Tania Khalill, Tuna Dwek, Willem Dafoe
Produção:
Marcelo Torres
Fotografia:
Mauro Pinheiro Jr.
Montador:
Gustavo Giani
Trilha Sonora:
Zbigniew Preisner
Duração:
124 min.
Ano:
2015
País:
Brasil
Cor:
Colorido
Estreia:
03/03/2016 (Brasil)
Distribuidora:
Europa Filmes
Estúdio:
HB Filmes
Classificação:
14 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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