quinta-feira, 19 de junho de 2014

'TRANSCENDENCE - A REVOLUÇÃO': JOHNNY DEPP CONTINUA DESCENDO A LADEIRA EM MAIS UM LONGA SOFRÍVEL NA SUA CARREIRA


Johnny Depp foi catapultado ao estrelato quando protagonizou a série de TV 'Anjos da Lei/21 Jump Street', que durou de 1987 a 1991.

Já durante a 3ª temporada, o talentoso ator já demonstrava estar inconformado em trabalhar na série e abrir mão de vários convites para fazer cinema - ela já tinha aparecido muito bem em 'A Hora do Pesadelo' (1984) e 'Platoon' (1986).

Tal qual Charlie Sheen recentemente, começou a criticar seu papel publicamente e passou a atuar no piloto automático, cada vez com menos empenho e com a ajuda de seus advogados, conseguiu rescindir o contrato que previa sua participação em seis temporadas, deixando a série após o término da 4ª.

Livre, pode protagonizar 'Edward Mãos de Tesoura' (1991), longa que Tim Burton dirigiu entre seus dois 'Batman' e Depp finalmente chegou onde queria: virou um astro de primeira grandeza na constelação de Hollywood.

De lá para cá, o ator de atuais 52 anos protagonizou outros excelentes filmes de Burton - 'A Fantástica Fábrica de Chocolate', 'Alice no País das Maravilhas', entre muitos outros - e atingiu o ápice da carreira ao dar vida ao capitão Jack Sparrow na saga 'Piratas do Caribe' da Disney.

Porém, nos últimos anos, Depp não vem emplacando mais nenhum sucesso, fazendo escolhas equivocadas em projetos sofríveis - como 'O Cavaleiro Solitário'.

É o caso também deste 'Trancendence - A Revolução', que estreia hoje em 119 salas em todo o Brasil.

Na trama, Depp é Will, um cientista e pai de família que cria um computador consciente.

Tudo vai bem até que um grupo de terroristas anti-tecnologia o assassina e seu cérebro é transferido para o computador que ele criou com sua esposa Evelyn (Rebecca Hall), também cientista.

Passando a viver dentro da máquina, Will é corrompido e tem sua personalidade voltada para o mal, neste longa sofrível, que não consegue fugir dos clichês sobre perigos da tecnologia, já visto tantas e tantas vezes no cinema.

Johnny Depp é o cientista Will Caster - Fotos dessa postagem: Divulgação/ Summit Entertainment

Comandado pelo estreante Wally Pfister - diretor de fotografia de 'A Origem' - o longa tem visual inspirado e só - nem mesmo a história potencialmente interessante consegue entreter.

Na trama, Will está prestes a criar a primeira inteligência artificial consciente e quando um grupo anti-tecnologia faz diversos atentados contra empresas do gênero, o cientista é envenenado e tem poucos dias de vida.

Sua esposa decide, então, tentar transferir a mente do marido para um computador, com a esperança de manter ao menos uma parte sua viva e a partir daí, o longa cansa o espectador com uma enxurrada de momentos reflexivos quando, na verdade, não há nada a refletir.

Só para compararmos esse longa com outro com o mesmo tema, visto recentemente: o computador interpretado por Johnny Depp não tem a profundidade de Samantha - Scarlett Johansson - inteligência artificial de 'Ela' e está lá apenas para servir de ameaça simplória para a humanidade.

Isso, a Skynet de 'O Exterminador Do Futuro' faz melhor: James Cameron sabe como criar conflitos entre homem e máquina de forma convincente em filmes repletos de suspense e ação, ao mostrar a tecnologia tanto como aliada quanto inimiga.

Rebecca Hall é Evelyn Caster, esposa de Will

Aqui, essa possibilidade já é rifada logo de início, ao mostrar um futuro próximo, no qual a tecnologia foi abandonada.

O narrador (Paul Bettany) relata a "colisão inevitável entre a humanidade e a tecnologia", e, em seguida, começa a explicar como tudo aconteceu de forma linear, escolha segura e sem criatividade para um longa cujo final já começa a ser adivinhado pelo espectador.

De forma apressada, o péssimo roteiro do estreante Jack Paglen introduz a noção de que, assim como é possível salvar músicas em um disco rígido, podemos fazer o mesmo com a consciência humana.

A passagem do tempo não fica clara, o que traz a sensação de uma realidade fragmentada e coisas que deveriam levar anos parecem acontecer em questão de semanas.

As decisões com implicações globais são feitas precipitadamente, sem um plano a longo prazo, e, aparentemente, sem o consentimento dos governos.

A solução para o problema é tratada de forma desproporcional e o longa tenta nos convencer da lógica de criar uma catástrofe para impedir outra.

O longa está repleto de ideias interessantes, mas as falhas são tantas que estragam qualquer chance de apreciarmos melhor essas questões.

Morgan Freeman (como Joseph Tagger) e Cillian Murphy (como Donald Buchanan, um agente do FBI), em cena do longa

Filme de visual belo e tecnicamente bem feito, com atuações fraquíssimas, personagens sem profundidade e trama sem sentido,o longa escancara que Johnny Depp também não é mais o mesmo, parecendo lhe faltar a vontade e a garra de atuar de outrora, mesmo tendo recebido US$ 30 milhões de cachê para atuar aqui.

Depp nem é o maior problema do filme, pois triste mesmo é ver boas ideias serem mal executadas e o bom elenco - que também tem, além dele , Hall e Bettany, Morgan Freeman, Kate Mara e Cillian Murphy - ser absolutamente desperdiçado.

A decepção do ano até agora.

Confira o trailer do longa:


*****
TRANSCENDENCE
Título Original:
TRANSCENDENCE
Gênero:
Drama
Direção:
Wally Pfister
Roteiro:
Jack Paglen
Elenco:
Johnny Depp, Paul Bettany, Morgan Freeman, Rebecca Hall, Kate Mara, Cillian Murphy e outros
Produção:
Andrew A. Kosove, Annie Marter, Broderick Johnson, Kate Cohen, Marisa Polvino
Edição:
David Rosenbloom
Cinematografia:
Jess Hall
Duração:
119 min.
Ano:
2014
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
19/06/2014
Distribuição:
Summit Entertainment
Estúdio:
Alcon Entertainment / Straight Up Films
Classificação:
12 anos
Cotação do Klau:

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