sábado, 26 de setembro de 2020

'A ILHA DA FANTASIA': BLUMHOUSE FAZ RELEITURA PARA O CINEMA DA CULT SÉRIE DE TV

SINOPSE: 
 Uma ilha mágica no meio do Oceano Pacífico oferece aos seus visitantes a possibilidade de realizar seus sonhos e viver aventuras que parecem impossíveis em qualquer outro lugar. Porém, como avisa o anfitrião da ilha, Sr. Roarke (Michael Penã), realizar seus desejos pode não acontecer da maneira esperada. 

 CRÍTICA: 
 ‘A Ilha da Fantasia’ é um dos seriados mais conhecidos do final dos anos 1970 e começo dos anos 1980 – e estendeu-se ao longo de mais de 150 episódios divididos em seis temporadas. 

 O drama de fantasia era estrelado por Ricardo Montalbán como Sr. Roarke, um excêntrico e misterioso magnata que prometia realizar os desejos mais íntimos de seus visitantes – sem mencionar certas reviravoltas na trama. 

 O sucesso da produção foi tamanho que gerou um revival catorze anos mais tarde e, neste ano, uma adaptação comedida que transformou o próprio título em um terror gore interessante, ainda que oscilante. 

 No final das contas, o longa-metragem, produzido pelo estúdio especializado em terror Blumhouse, foi massacrado pela crítica internacional – mas será que ele é tão ruim assim? 

 A história segue a mesma premissa que a arquitetura narrativa original: um grupo de visitantes chega em um aeroplanador para uma ilha remota, isolada da civilização, com a promessa de ver ao vivo e em cores seus sonhos se tornarem realidade. 

 Temos, de um lado, a presença de Maggie Q como uma retraída empresária chamada Gwen Olsen, que quer voltar no passado e aceitar a proposta de casamento de um antigo amor que se perdeu com o passar dos anos; Austin Stowell como Patrick Sullivan, um ex-oficial de polícia cujo objetivo é honrar a memória do falecido pai e se alistar no exército para trazer uma espécie de “honra tardia” ao nome que carrega; e Lucy Hale interpretando a protagonista Melanie Cole, cujos desejos não se mostram claros logo de cara, mas guiam-na através de uma série de aventuras místicas tentando descobrir o que se esconde naquele paradisíaco refúgio. 

 Para essa nova versão, o diretor e roteirista Jeff Wadlow, que se reúne com a Blumhouse após o terror ‘Verdade ou Desafio?’, resolver se afastar do melodrama novelesco de ponta da produção seriada e investir em uma perspectiva única, talvez como modo de revitalizar os exageros e as fórmulas do gênero de terror que tanto foram utilizadas nos últimos anos. 

Entretanto, talvez a fria recepção por parte dos especialistas e até mesmo pelo público tenha sido resultado de expectativas muito maiores do que esse remake poderia entregar – afinal, pelo enganoso trailer, era de se esperar que Wadlow abrisse portas para uma possível franquia de horror ou para uma metafísica exploração dos impulsos humanos. 

 Mas, na verdade, estamos lidando com algo bastante diferente: a ideia principal é entregar o público uma jornada simples e convincente o bastante para nos manter interessados do começo ao fim, por mais que o caminho se mostra um tanto quanto turbulento. 

 Acompanhado do costumeiro minimalismo fonográfico da trilha sonora, ‘A Ilha da Fantasia’ já se inicia com uma construção atmosférica típica do suspense a que se destina, apresentando de forma categórica os personagens enquanto divide-os cada qual para seus “cenários”; Melanie é a primeira a perceber que há algo errado quando, ficando cara a cara com a valentona que atormentou sua infância, Sloane (Portia Doubleday), descobre que os pedidos feitos ao Sr. Roarke (Michael Peña, sensacional) não são o que parecem e vem com um custo altíssimo – neste caso, sacrifícios humanos que permitem que as entidades sobrenaturais da ilha possam se manter vivas. 

O problema é que a mitologia em questão é apresentada de modo raso demais para gerar tramas subsequentes, exigindo que os espectadores se mantenham firmes apenas àquilo que veem nas telonas – ou seja, sem abrir espaço para incursões futuras. 

 Não podemos tirar crédito de Wadlow em tentar fornecer mais do que consegue – mas também deve-se dizer que essas inflexões desnecessárias são o que afastam a produção do que ela poderia ser. 

 No final das contas, o resultado é aprazível o suficiente quando o encaramos como peripécias circunstanciais que dizem exatamente aquilo que querem, longe de cultivar terrenos ambíguos e que vão para além do óbvio. 

 O conflito entre múltiplas temáticas e até mesmo o escape cômico materializado pelos meios-irmãos Brax (Jimmy O. Yang) e J.D. Weaver (Ryan Hansen) seria mais bem utilizado caso não fosse tão previsível – mas é inegável dizer que ambos servem como uma adição divertida para o escopo do filme. 

 Eventualmente, descobrimos que as distintas personalidades se unem em uma traumática experiência que traz como catalisadora a persona de Melanie, uma jovem bastante problemática que enterrou seus traumas para livrar-se deles de uma vez por todas do modo mais emblemático possível – e, por mais que o twist resolutivo seja sólido, ficamos com um gostinho agridoce de “quero mais” que é premeditado pela insurgência de Brax como Tattoo (o braço-direito de Roarke na série). 

 ‘A Ilha da Fantasia’ passa longe de ser tão ruim como resenhas críticas vem dizendo: quando encarada como uma construção metafórica, o longa falha em praticamente todos os aspectos, mas quando vista com o simplismo que Wadlow e Jason Blum tentaram imprimir, a ambiência é convidativa e divertida dentro de seus limites para aqueles que queiram espairecer a mente e esquecer dos problemas. 

 GALERIA DE IMAGENS:
TRAILER:

FICHA TÉCNICA:
A Ilha da Fantasia 
Título Original: 
Fantasy Island 
Gênero: 
Terror, Sobrenatural 
País: 
Estados Unidos 
Ano de Produção: 
2020 
Duração: 
109 min 
 Direção: 
Jeff Wadlow 
Produção: 
Jason Blum 
Roteiro: 
Jillian Jacobs, Chris Roach, Jeff Wadlow, baseado em Fantasy Island, de Gene Levitt 
Elenco:
Michael Peña, Maggie Q,  Lucy Hale, Austin Stowell, Portia Doubleday, Jimmy O. Yang, Ryan Hansen, Michael Rooker
 Música: 
Bear McCreary 
Cinematografia: 
Toby Oliver 
Edição: 
Sean Albertson 
Estúdios: 
Columbia Pictures, Blumhouse Productions 
Distribuição: 
Sony Pictures Releasing 

 COTAÇÃO DO KLAU:

Nenhum comentário:

Postar um comentário