SINOPSE:
Aos 17 anos, o adolescente João (João Pedro Zappa) tem uma série de problemas comportamentais, é ignorado pelos pais e se torna agressivo com os amigos de escola.
Quando é diagnosticado com depressão, seus pais Ana (Gisele Fróes) e Luis (Felipe Camargo) decidem interná-lo em uma clínica psiquiátrica.
Lá, ele conhece Judite (Deborah Secco), uma mulher de 30 anos, HIV positivo e dependente química, em fase terminal.
Apesar do ambiente hostil, os dois se apaixonam e iniciam um romance, mas Judite tem medo que a sua morte abale a saúde de João.
CRÍTICA:
Duas vidas destruídas, que encontram nova força para viver após encontrarem o amor.
Se você se lembrou do recente megassucesso americano 'A Culpa é das Estrelas', sua lembrança não foi em vão, pois 'Boa Sorte', dirigido pela estreante em longas Carolina Jabor e que estreia hoje em 110 salas em todo o Brasil, tem a mesma pegada indie pop, que felizmente passa ao largo das comédias e cinebiografias que pipocam na produção nacional.
A trama, escrita por Jorge Furtado e seu filho Pedro, acompanha João (João Zappa), jovem dependente químico internado pelos pais (Gisele Fróes e Felipe Camargo) em uma clínica de reabilitação, onde o rapaz conhece Judite (Deborah Secco), usuária de drogas, soropositiva e com pouco tempo de vida.
Lá, aos poucos, se tornam próximos e encontram nova força para viver.
Deborah Secco como Judite e João Zappa como João, protagonistas do longa - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Imagem Filmes
O longa funciona - como a produção americana citada acima também funciona - graças à química entre seus personagens.
Fazendo sua estreia em longas-metragens de ficção, a diretora Carolina Jabor entende profundamente os protagonistas e permite ao casal protagonista explorarem nuances inesperadas de cada um.
Para mim, a melhor atriz de sua geração disparado, Deborah Secco mais uma vez se entrega de corpo e alma ao papel: sua Judite é muito magra e pálida - a atriz perdeu 10 quilos para interpreta-la - e surge em cena envolta em tristeza, até conhecer João, quando seu rosto se ilumina e ela volta a se sentir viva, mesmo que por alguns momentos.
O casal em cena
Sua atuação é tão tocante e arrebatadora que Deborah não só rouba a cena, como leva o filme praticamente nas costas.
Já João Zappa, ator com mesmo nome de seu personagem, tem participação apenas correta e não causa o mesmo impacto do seu par.
O longa ganha muito também com as participações especialíssimas de duas atrizes de primeiríssima: Fernanda Montenegro - como avó de Judite - e Cássia Kiss Magro - como terapeuta da clínica - reforçam o tom dramático que permeia todo o longa com grandes atuações.
Fernanda Montenegro interpreta Célia, avó de Judite
Fernanda é a justificativa simplória do longa para o triste fim de Judite: a personagem deixa claro que aprontou muito em sua vida e ela sabe o impacto disso sobre a neta.
Já Cássia, sozinha, representa a humanidade da clínica e mostra a outro lado dessas instalações, sem cair no clichê da dinâmica destrutiva clínica/paciente que normalmente se vê.
Cássia Kiss Magro como Dra. Lorena, em cena do longa
Visualmente, o filme é um achado: diferentemente da textura chapada/televisiva de 99,9% das produções bancadas pela Globo Filmes, aqui se procura reforçar a decadência e solidão dos personagens, com cenários desgastados e fotografia primorosa, marcada pelo contraste de cores, luz e sombra.
Com exceção de alguns momentos de humor forçado, que não bate com o tom da narrativa - a cena de João roubando arquivos do escritório da clínica enquanto outro paciente finge passar mal é um exemplo - o longa vai bem até o final.
Cena do longa
Pena que a diretora perca o controle justamente aí, deixando de terminar a obra quando devia para inserir cenas de flashback.
Enfim, mesmo com esse final que nada acrescenta, o longa tem uma doçura que permeia cada cena e arrebata o espectador, com uma narrativa agradável e que trata de assuntos fortes com delicadeza.
Deborah em cena: sua Judite é a melhor coisa do longa
Deborah, apesar dos problemas de sua personagem, está encantadora como nunca, faz até com que João pareça mais interessante do que realmente é - e ainda consegue transformar uma história simples em um grande romance na telona.
O longa ficou com o Prêmio do Público e Direção de Arte (Claudio Amaral Peixoto) no último Festival de Paulínia.
O longa ficou com o Prêmio do Público e Direção de Arte (Claudio Amaral Peixoto) no último Festival de Paulínia.
Irresistível.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
'BOA SORTE'
Gênero:
Drama
Direção:
Carolina Jabor
Roteiro Adaptado:
Jorge Furtado, Pedro Furtado - adaptando o conto 'Frontal com Fanta', de Jorge Furtado
Duração:
90 min.
Ano:
2013
País:
Brasil
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
27/11/2014
Distribuidora:
Imagem Filmes
Estúdio:
Conspiração Filmes / Globo Filmes
Classificação:
16 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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