Dez anos após a conquista da liberdade de César (Andy Serkis), ele e os demais macacos vivem em paz na floresta próxima a San Francisco, onde desenvolveram uma comunidade própria, baseada no apoio mútuo.
Enquanto isso, os humanos enfrentam uma das maiores epidemias de todos os tempos, causada por um vírus criado em laboratório, chamado vírus símio.
Quando um grupo de sobreviventes encontra os macacos, cabe a Malcolm (Jason Clarke) e César negociarem uma trégua que pode não durar.
E pensar que quando o primeiro 'Planeta dos Macacos' estreou em 1968, a macacada era interpretada por atores e atrizes dos bons, usando máscaras de látex absolutamente inovadoras para a época e que obrigaram a Academia a criar uma nova categoria no Oscar - a de Melhor Maquiagem.
Agora, a interpretação usando a captura de movimentos dos atores deixou as máscaras de látex absolutamente constrangedoras, tal a veracidade dos macacos apresentados tanto em 'Planeta dos Macacos: A Origem', como na continuação, 'Planeta dos Macacos: O Confronto', que estreia hoje em 569 salas em todo o Brasil.
Quando o reboot de 'Planeta dos Macacos' foi anunciado, poucos podiam adivinhar que 'A Origem' seria o bom filme que mostrou ser e logo ficou claro que temas recorrentes da franquia são tão relevantes hoje quanto no passado.
E a sequência trabalha ainda melhor esses aspectos, pois é mais inteligente e profunda do que qualquer outro da série cinematográfica, funciona em todos os aspectos e ainda é capaz de causar reflexões ao espectador enquanto diverte, coisa rara em blockbusters.
A sequência se passa dez anos depois de César (Andy Serkis) liderar os macacos inteligentes à liberdade: nesse tempo, ele criou uma sociedade complexa nas florestas ao redor de São Francisco e, enquanto isso, o mesmo vírus que aumentou as capacidades cerebrais dos macacos também foi o responsável por eliminar boa parte da humanidade.
O protagonista César (Andy Serkis) - Fotos dessa postagem: Divulgação - Fox Film do Brasil |
Quando sobreviventes humanos reencontram os símios, desentendimentos ameaçam começar uma guerra que pode acabar com ambas as espécies e cabe a César, protagonista da trama, controlar a sede de vingança de seus comandados enquanto negocia trégua com Malcom (Jason Clarke).
Embora a trama gire em torno da tensão entre as duas raças, a narrativa não deixa de fora questões políticas internas de cada grupo, além de motivações individuais dos personagens.
Esses elementos aprofundam o enredo, garantem diferentes camadas ao longa e refletem a complexidade de nossa própria sociedade.
Malcom (Jason Clarke) |
A franquia, conhecida por trabalhar questões políticas e sociais, volta a tocar nessas questões sem entediar os espectadores, diferente de 'A Origem', que simplificou demais esses aspectos.
Grandes atuações garantem que esses elementos não sejam desperdiçados: Gary Oldman aparece pouco, mas, grande ator, domina suas cenas; Jason Clarke consegue ser um coadjuvante a altura de César e a dinâmica dos dois é um dos pontos fortes da produção.
Gary Oldman, em cena do longa |
Ator especializado em interpretações por captura de movimentos, Andy Serkis impressiona cada vez mais e consegue transmitir emoções cada vez mais complexas, principalmente por boa parte das conversas dos macacos ser feita apenas por linguagem de sinais.
Chamar Serkis de gênio da interpretação, aqui, é muito pouco para o que ele e seu César entregam.
Andy Serkis usando todo o aparato de captura de movimentos para dar vida ao protagonista César |
O diretor Matt Reeves fez um grande acerto, ao trazer de volta os companheiros de César do filme anterior.
Personagens que poderiam ter sido substituídos agora ganham destaque - principalmente Koba (Toby Kebbell), Maurice (Karin Konoval) e Rocket (Terry Notário).
Diferente do primeiro, focado nos humanos, este segundo poderia facilmente ter apenas macacos na telona e ainda funcionaria, mas, mesmo assim, o longa procura fechar o ciclo iniciado no longa anterior, relembrando até mesmo a amizade de César com Will Rodman (James Franco).
Aliás, a relação entre César e Koba garante alguns dos principais momentos do longa, pois o macaco mais velho questiona a abordagem de César em relação aos seres humanos e, quando discutem, Koba implora por perdão com uma mão estendida e postura de submissão.
No começo, o líder pega a mão do amigo com vontade e aceita seu pedido de desculpas, afinal ele entende a dificuldade da situação, mas, conforme a cena se repete, pequenas variações mostram que algo na amizade entre os dois está mudando, sutilmente, mas impactante.
Visualmente, o filme é muito bonito e mesmo cenas simples como dois macacos conversando mostram a atenção ao detalhe da equipe de direção de arte e efeitos especiais.
Além disso, outro elemento clássico da série retorna de forma marcante: macacos montados em cavalos observando, de longe, os humanos, em cenas inesquecíveis que remetem ao original sem parecerem cópias.
O que faz 'O Confronto' ser tão bom é o fato de partilhar com a série antiga a exposição de problemas enfrentados no mundo real, onde noções relevantes, como família, andam lado a lado com questões como pena de morte, isolacionismo e preconceito.
Longa capaz de tratar de assuntos relevantes e ainda divertir, algo que todo amante de cinema merece.
E mesmo sendo um pouco longo e não precisar ser visto em 3D, é ótima escolha para todas as idades.
Confira o trailer do longa:
*****
'PLANETA DOS MACACOS: O CONFRONTO'
Título Original:
DAWN OF THE PLANET OF THE APES
Gênero:
Ação
Direção:
Matt Reeves
Roteiro:
Amanda Silver, Mark Bomback, Rick Jaffa, Scott Z. Burns
Elenco:
Alaine Huntington, Andy Serkis, Angela Kerecz, Christopher Berry, Enrique Murciano, Gary Oldman, J.D. Evermore, Jason Clarke, John L. Armijo, Judy Greer, Karin Konoval, Keir O'Donnell, Keri Russell, Kevin Rankin, Kirk Acevedo, Kodi Smit-McPhee, Larramie Doc Shaw, Lee Ross, Lombardo Boyar, Lucky Johnson, Steven Wiig, Terry Notary, Toby Kebbell
Produção:
Amanda Silver, Dylan Clark, Peter Chernin, Rick Jaffa
Fotografia:
Michael Seresin
Montador:
Stan Salfas, William Hoy
Trilha Sonora:
Michael Giacchino
Duração:
131 min.
Ano:
2014
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
24/07/2014
Distribuidora:
Film do Brasil
Estúdio:
Chernin Entertainment
Classificação:
14 anos
Cotação do Klau:
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