"Sentimos saudades", disse o diretor do filme, Terry Gilliam. "Era uma pessoa extraordinária, com um talento infinito, e com os pés no chão. Sempre lembrarei sua grandeza e sua forma de ser. Não tinha medo de nada".
Gilliam teve de terminar o filme com a ajuda de Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell, amigos pessoais de Hedger e que se revezaram e o substituíram em seu papel.
"Chamei pessoas próximas a ele e todos aceitaram. Demos a eles um DVD com o que Heath tinha gravado e eles ensaiaram. Johnny gravou suas cenas em três horas e meia. É um gênio, assim como Jude e Colin. Estiveram brilhantes", disse o diretor.
O filme conta a história do Doutor Parnassus - interpretado pelo inglês Christopher Plummer - de "A Noviça Rebelde", entre outros - e seu mundo imaginário, e se passa em uma Londres contemporânea em forma de teatro ambulante.
O contador de histórias que é Parnassus oferece a possibilidade de entrar em seu mundo imaginário através de um espelho, uma habilidade que obtém mediante um pacto com o diabo (encarnado por Tom Waits, em uma brilhante e irônica interpretação do mal) que o tornou imortal, embora a um alto preço.
Ao grupo se incorpora um farsante (Tony, o papel de Ledger-Depp-Law-Farrell) que ajuda Parnassus a cumprir os termos de um fatal pacto diabólico para evitar o desaparecimento de sua filha (Valentina, interpretada por Lily Cole).
O filme faz referências ao ex-primeiro ministro britânico Tony Blair e à morte do "banqueiro de Deus", Roberto Calvi, presidente do Banco Ambrosiano e que apareceu enforcado, após ser condenado por crimes financeiros.
Referências político-criminais à parte, o que a imprensa internacional quis saber mesmo foi saber como o diretor lidou com a falta de Ledger.
"Todos trabalharam muito e durante mais tempo porque gostavam dele", disse Gilliam, revelando que a família do ator falecido, que encorajou o diretor a continuar o projeto apesar da morte de Ledger, ainda não viu o trabalho póstumo do ator. O diretor Terry Gilliam
A mutação de Ledger em Depp, depois em Law e finalmente em Farrell funciona magicamente como consequência do uso do elemento espelho que é decisivo na ação, e não pela contribuição de uma manipulação com técnicas digitais, o que dá continuidade à história.
"É seu filme", reconheceu Gilliam ao falar de Christopher Plummer, veterano ator canadense, e de quem o diretor sempre sonhou trabalhar junto.
"Parnassus representa quase qualquer artista", disse o cineasta. "Entusiasma as pessoas, faz com que observem o mundo com um olhar fresco. Mas ninguém presta atenção nele. Esse é o destino da maioria dos artistas".
E a crítica gostou!
O diretor já tinha trabalhado com Ledger em "Os Irmãos Grimm" (2005), e conta que o ator australiano era uma pessoa com muita energia, uma mente "com muita experiência" presa em um corpo jovem.
"Era muito divertido e todo o mundo podia perceber um alma velha e sábia em seu interior. Tinha uma experiência de vida muito maior do que podíamos imaginar por sua idade", disse o cineasta.
Cole e Troyer também disseram :"Deu tudo pelo papel e ajudava seus companheiros com qualquer detalhe", disse Troyer. "Era uma pessoa incrível", acrescentou.
Já Cole ressaltou a "aprendizagem", tanto profissional quanto pessoal, que adquiriu após trabalhar com o Ledger."Aprendi muito observando como atuava, mas, sobretudo, aprendi como pessoa", disse a modelo britânica de 21 anos, em sua estréia nas telonas. "Me chamou a atenção sua extraordinária força vital, sua energia e generosidade. Era alguém capaz de inspirar os demais, o que fazia ia além de qualquer técnica de interpretação", acrescentou.
O filme deve estrear em breve nas telonas brasileiras.
De minha parte, eu aguardarei ansiosamente!
Veja o trailer do filme:
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