O principal telejornal do país tornou-se quarentão ontem.
Os apresentadores Cid Moreira (à esq.) e Hilton Gomes, que comandaram a primeira edição do "Jornal Nacional", em 1º de setembro de 1969
E eu me lembro muito bem daquele primeiro de setembro de 1969, porquê até então não existiam redes de TV no Brasil - existia programação só local - e o "JN" foi o primeiro a ser gerado ao vivo e em rede para todas as Globos e suas retransmissoras, graças a uma forcinha da então estatal Embratel e do governo militar de então. A partir daí é que se pode dizer que surgiu a Rede Globo de Televisão.
O apresentador Cid Moreira em foto de 1972. Ele esteve na bancada do "Jornal Nacional" de 1969 a 1996
Rapidamente tornou-se um hábito do telespectador, graças ao seu horário - colocado estratégicamente entre as novelas das sete e das oito horas - e muito mais pela qualidade dos seus repórteres e apresentadores.
No total, Cid Moreira passou 26 anos à frente do "Jornal Nacional". Na foto, o apresentador na década de 70
Durante muito tempo, considerei o "JN" mais um show de notícias do que um telejornal, porque com o passar dos anos o extremo formalismo da sua apresentação, aliado às edições conservadoras das matérias era o que se tinha - e se podia fazer - para aqueles tempos de ditadura militar, onde a informação era postergada em relação ao conteúdo belo, visualmente interessante e embalado pra presente.
Da esquerda para a direita, Cid Moreira, Heron Domingues e João Saldanha na bancada do "Jornal Nacional", nos primeiros anos do telejornal
O "JN" foi o último a noticiar a campanha pelas "Diretas Já". Lembro que fiquei indignado quando vi que o espetacular comício da campanha, que juntou milhões de pessoas na Praça da Sé aqui em Sampa, foi abordado pelo principal telejornal da Globo como "uma grande comemoração pelo aniversário da cidade de São Paulo" - era 25 de janeiro, e fui um dos que, nos anos seguintes, gritaram pelas ruas o famoso "O Povo não é bobo, abaixo a Rede Globo".
O jornalista Sérgio Chapelin, que atualmente apresenta o "Globo Repórter" esteve à frente do "Jornal Nacional" em dois períodos: de 1972 a 1983 e entre 1989 e 1996. Saiu da Globo em 1983 para um contrato milionário no SBT, onde ficou um ano e foi o mais sem sal dos apresentadores de auditório que se tem notícia.De volta à Globo, ficou só com o "Globo Repórter" até voltar ao "JN" em 1989. A foto é de 1983
Em 1989, o pior deslize do programa: a edição do debate Collor x Lula, com nítida manipulação para que se pensasse que o ex-governador alagoano tivesse dado um baile no metalúrgico. Aliado ao programa eleitoral de Collor, que mostrou durante toda aquela semana a mãe da filha de Lula, Lurian, declarando que Lula tinha pedido que ela abortasse a criança,fizeram com que o "Caçador de Marajás" ganhasse a primeira eleição direta para presidente pós ditadura militar. E deu no que deu.
O jornalista Celso Freitas durante a apresentação do "Jornal Nacional" em 04/7/1988. Celso assumiu o telejornal após Sérgio Chapelin deixar a Globo em 1983, e ocupou o posto até 1989
O "JN" também foi o último a trocar a figura do locutor - aquele que só lê o texto - pela do jornalista estilo âncora - que além de apresentar, edita e participa da pauta do jornal - troca que o SBT já fazia a muito tempo com Boris Casoy, por exemplo.
Lillian Wite Fibe foi a primeira mulher titular na bancada do "Jornal Nacional" - houve anteriormente uma única edição apresentada pela saudosa jornalista Márcia Mendes - entre 1996 e 1998 ao lado de William Bonner. Na foto, a apresentadora em seu primeiro ano de "JN". Com a saída de Lillian, Fátima Bernardes assumiu o posto.
A entrada de William Bonner no comando do jornal - é o apresentador e editor chefe - marca uma significativa mudança no conteúdo editorial no noticiário. As notícias ficaram mais quentes e menos formais,e o número de excelentes matérias feitas pelos correspondentes internacionais e repórteres especiais deu um salto gigantesco.
O casal de jornalistas William Bonner e Fátima Bernardes, que comanda atualmente o "Jornal Nacional". Os titulares estão na atração desde 1996 e 1998, respectivamente
Essa maneira mais informal nesse último ano tem sido testada à exaustão, apoiado sempre no carisma de William e de sua colega de bancada e mulher, a ótima entrevistadora Fátima Bernardes e pela apresentação do jornal, que deixou o estúdio pela redação - remodelada e com novo visual para a comemoração dos 40 anos.
William e Fátima no novo cenário, com o globo terrestre em movimento, uma bancada ergonômica e com um telão ao fundo, que vai mostrar imagens das cidades de onde os correspondentes estiverem, além de ilustrações complementares às reportagens.
O "JN" continua sendo o principal telejornal do país, seus intervalos comerciais continuam sendo os mais caros do mercado publicitário brasileiro, mas como tudo na Globo, a audiência geral tem caído, muito mais porquê o telespectador na hora acessa a internet ou canais a cabo do que pela concorrência que tenta, mas não consegue fazer igual - a Record tem agora dois ex-"JN" no comando do seu principal telejornal, que pagam não micos, mas gorilas homéricos ao defender a rede e seu dono Edir Macedo das acusações que volta e meia vem à tona, num dos momentos mais constrangedores da TV brasileira em todos os tempos, ao meu ver.
A jornalista Ana Paula Padrão, atualmente pagando gorila na Record, também já esteve na bancada do "JN" durante as férias e folgas dos apresentadores oficiais. A imagem é de 2001, época em que ela era âncora titular do "Jornal da Globo"
Nesse último ano, o "JN" tem sido um programa bom de se ver, e suas matérias tem repercutido em outras mídias, jornais principalmente.
No vídeo abaixo, veja como foi ao ar a comemoração dos 40 anos, na última segunda. William e Fátima abandonaram de vez o formalismo e mostraram o novo cenário ao público. Um momento que já entrou para a história do "JN":
Parabéns a toda a equipe que faz o "JN" atualmente ser o que é.
Veja agora quem já apresentou o "JN", nesses 40 anos:
O jornalista Eliakim Araújo, atualmente na Record News, ocupava a bancada do "JN" durante as férias e folgas dos apresentadores titulares. A imagem é de 1986
Fernando Vanucci, hoje na Rede TV!, também ocupou a bancada do "Jornal Nacional" nas férias e folgas dos apresentadores oficiais. A imagem é de 1986
Um dos nomes mais antigos da Globo, Léo Batista, agora no "Globo Esporte", ocupou a bancada do "Jornal Nacional" nas férias e folgas dos apresentadores titulares. A imagem é de 1993
O jornalista Carlos Tramontina, do "SP TV - Segunda Edição" também já esteve à frente do "Jornal Nacional" durante as férias e folgas dos apresentadores oficiais
Além de William Bonner e Fátima Bernardes, o "JN" conta atualmente com um rodízio dos principais repórteres e apresentadores da Globo, nas férias dos titulares e nas folgas aos sábados:
Heraldo Pereira foi o primeiro apresentador negro do "Jornal Nacional". Ele substituiu William Bonner pela primeira vez em 2002 e continua comandando o telejornal nas ausências dos apresentadores titulares
William Waack, âncora do "Jornal da Globo", também participa do rodízio de apresentadores
Márcio Gomes, da Globo News, outro que participa do rodízio
O jornalista Alexandre Garcia substitui os titulares aos sábados e nas últimas férias de William e Fátima, apresentou o "JN" com HeraldoPereira. Foi o substituto de Sandra Annenberg
Sandra Annenberg, âncora do "Jornal Hoje", comanda a bancada do "Jornal Nacional" no rodízio.No mes passado, ela cobriria Fátima Bernardes por todo o tempo das férias da titular, mas contraiu a Gripe A e ficou afastada do vídeo por 2 semanas, o mesmo acontecendo com o marido, o repórter especial Ernesto Paglia. Recuperada, já voltou ao "JH"
O jornalista Chico Pinheiro, do "SP TV - Primeira Edição", participa do rodízio de apresentadores do "Jornal Nacional" e conta uma história muito engraçada: Em férias, ele estava viajando por Minas Gerais quando um caboclo o parou e falou: "Seu Chico, tá com o burro na sombra, né? Trabaia sábado sim, sábado não! O cara só via o Chico no "JN" e nem sabia que ele é o âncora titular do "SP TV - Pimeira Edição" de segunda a sexta!
A jornalista Carla Vilhena, âncora do "SP TV - Primeira Edição", ocupa a bancada do "Jornal Nacional",geralmente aos sábados
Renata Vasconcellos e Renato Machado, âncoras do "Bom Dia Brasil", também fazem parte do rodízio de apresentadores que se revezam nas ausências de William Bonner e Fátima Bernardes
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