quinta-feira, 3 de agosto de 2017

ENTREVISTA: NO BRASIL, ANDY SERKIS FALA SOBRE 'PLANETA DOS MACACOS' E OSCAR

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Andy Serkis, astro de 'Planeta Dos Macacos: A Guerra', participou de um evento em São Paulo para promover o filme
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Na produção dirigida por Matt Reeves ('O Confronto'), o ator volta ao papel de César, líder dos símios, que deve proteger sua raça na guerra contra as tropas do coronel McCullough (Woody Harrelson).

Além de César, o ator é reconhecido por dar vida a outros personagens icônicos por meio da captura de movimentos, como Gollum de 'O Senhor Dos Anéis', Líder Snoke em 'Star Wars: O Despertar Da Força' e 'King Kong'.

"Precisamos contar histórias e falar sobre a condição humana. Vivemos em tempos ideologicamente confusos e sabemos que a resposta para isso está na simplicidade. Esse filme é sobre a importância da empatia", destacou Serkis, na coletiva e no bate papo com o pessoal do site brasileiro Cineclick.

O ator britânico falou sobre a técnica de captura de movimentos, que para ele deve trabalhar a favor da interpretação.

"É uma tecnologia. Não é um gênero", afirmou.

Ele também falou sobre as mudanças pelas quais a técnica passou desde que viveu o icônico Gollum em 'O Senhor Dos Anéis: A Sociedade Do Anel'.

"Antes, com Gollum, não tínhamos a habilidade de captar expressões faciais. A primeira vez que fizemos foi em 'King Kong' (2005). A grande mudança foi com 'O Planeta Dos Macacos: A Origem': a interação entre atores era filmada apenas uma vez, sem necessidade de duplicar as cenas em um estúdio separado posteriormente", explicou o ator.

O ator ainda comentou sobre como as premiações ignoram as atuações por captura de movimentos, mas acredita que chegou a hora desses personagens serem reconhecidos.

"É preconceito e ignorância não reconhecer os atores que trabalham com motion capture. Os membros mais antigos da academia se recusam a aceitar. Atuar é o que acontece no set, com outros atores. Basta ver as cenas de bastidores. Se eu me maquiasse as pessoas aceitariam melhor, mas como coloco um macacão cinza, eles não consideram. É frustante".

Confira a incrível transformação de Andy Serkis em César:

"O tema desse filme e de todos os demais é empatia. Vivemos em um mundo em que as pessoas perderam a habilidade de se colocar no lugar do outro. E ainda assim é um grande entretenimento. Isso é o melhor de trabalhar numa grande franquia: poder trazer entretenimento e fazer as pessoas refletirem. Contar histórias é uma das formas de nos salvar", disse o ator.

"O mundo está sofrendo com lideranças simplistas. É uma boa metáfora com os macacos. Não há vilões ou mocinhos por completo. Cesar é um personagem nobre, mas tem falhas. É cheio de ódio e raiva, mas é capaz de olhar nos olhos de quem quer matar e sentir empatia", conta o ator britânico

Sobre o novo filme, comenta:

"Há uma sensação de estar vendo uma grande história, não tem nada de previsível. Todos sabemos que as sequências tendem a se repetir e isso não acontece em Planeta dos Macacos. Vai mexer com as pessoas emocionalmente, educar as pessoas a não serem tão julgadoras".

O ator ainda falou sobre as dificuldades de dar voz aos macacos.

"No segundo filme tivemos o desafio de tornar crível que macacos falassem. Eles não construíam sentenças como nós, é como se procurassem palavras, um jeito próprio de falar, era o nascimento da língua. Há uma diferença entre os dois filmes em termos de articulação", explicou Serkis, antes de demonstrar as diferentes formas de César falar.

O astro ainda citou Nelson Mandela como inspiração para o personagem, um líder que luta pela liberdade na obra.

"Esse é um filme de guerra, mas todo bom filme de guerra é sobre as pessoas que sobrevivem. Também é como uma história bíblica, é a história de um Moisés procurando a terra prometida", comparou.

Confira a entrevista em vídeo:

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